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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

segunda-feira, 25 de junho de 2012

sobre ser adulta, ter irmãos confiados e morar com os pais;


Hans, tem dia que é complicado.
Tem dias que 'Não sei', sabe?

Essa é a primeira vez – nessa existência – que me sinto meia... adulta. Completamente adulta, pra falar bem a verdade. OK. Eu já tenho vinte e três anos, já estava mais do que na hora, eu sei, mas sabe como é... Morando com os pais, você vai deixando algumas responsabilidades para eles e... WAIT! Até que você percebe que não, você na verdade assumiu as responsabilidades deles – não todas, obviamente, ser PAI e MÃE é meio demais, ainda mais quando eles tem cinco filhos cada um com uma opinião sobre a forma de lidar com eles e com a vida...

E eu entendo isso, sabe? Eu entendo que eles sendo 'pai' e 'mãe' eles tem que ser meio imparciais sobre alguns assunto. "Não tomar lados" deve ser a primeira lição quando nasce o segundo filho. E o terceiro. E o quarto. E o quinto. "É complicado" escutei minha mãe dizendo hoje ao meio-dia. Sim, eu entendo que É COMPLICADO, mas será que – nesse caso específico – não dá pra tomar um lado e dizer "OK, vocês estão certas, mas..." e mil e quinhentas palavras depois do MAS, por que nós entendemos que 'é complicado', MAS nós sabemos que estamos certas.

E é aí que entra a fase mais complicada da vida adulta de quem mora com os pais: Vai chegar um ponto, uma discussão, em que você sabe que está certa e que seus pais estão errados. Você sabe que 'é complicado', mas ainda assim SABE que está certa. Você sabe que é uma situação super difícil de lidar, bom, pra falar bem a verdade: você sabe que não tem uma forma de lidar com a situação sem ofender alguém e criar a terceira guerra mundial no Clã Félix Silva, mas você na verdade não quer lidar com a situação, você quer é que seus pais digam: Você está certa, MAS o que podemos fazer? ...... Nada."

Muitas discussões – futuras, estou prevendo - poderiam ser resolvidas assim. OK, talvez eu não seja tão adulta assim, batendo o pé ao querer escutar que outro admita que eu estou certa, mas sabe como é... Por que os pais não podem simplesmente admitir que um filho esteja errado e o outro certo? Já fizeram isso antes, e numa situação que eu aconselharia ser imparcial. Aliás: Eu FUI IMPARCIAL naquela situação! Tem alguma coisa de errada na nossa família, percebo agora.

Meus pais não sabem lidar com conflitos. Percebo agora, claramente. Talvez devessem ter parado no primeiro filho. Nunca pensei que eu diria isso, mas olha... Acho que começo a entender minha irmã mais velha. Meus pais só sabem ser imparciais em favor de uns filhos específicos. Alguém tinha que se rebelar uma hora, certo? (E levando em consideração que ela passou muito tempo longe da 'família', dá pra entender que ela se sentiu excluída em eventuais situações.)

Bom, Hans, acho que a frase da minha mãe resume tudo: "É complicado."
É complicado ter cinco filhos.
É complicado que todos sejam adultos agora e saibam sobre o que estão falando.
É complicado quando seus filhos se brigam e você não sabe lidar com a situação da forma certa.
É complicado tomar lados.
É complicado ser imparcial.


Augusto, meu pequeno raio de luz,
aqui vai um segredo: Você vai ser filho único.
C.G.






domingo, 3 de junho de 2012

sobre esquecer o que era bom;

Junho, Hans.

As coisas são meia estranhas, não? Alguns pensamentos tem sido difíceis de manter longe. Ontem estive pensando novamente sobre... nós. E por mais que eu já tenha dito várias vezes: Ainda é estranho entender – e ver claramente – o quão diferentes nós éramos. E somos. Parece meio triste gostar tanto tempo de uma pessoa que não tinha absolutamente nada a ver comigo e com o que quero para meu futuro. Masoquista. Não parece perda de tempo? Continuo repetindo que não, não foi perda de tempo... Eu devo ter aprendido alguma coisa nisso tudo, devo ter tirado alguma coisa boa nisso tudo...

O mais triste de tudo, Hans, é justamente isso: Eu sei que aprendi, eu sei que vivi coisas boas... Mas eu não lembro. É isso que acontece no final dos relacionamentos, então? Você esquece completamente das coisas boas? Não é injusto? Não deveríamos guardar pelo menos uma lembrança – mínima que seja – da parte boa? Pior é saber que ela existiu, procurar e não encontrar.

Quantas vezes eu disse para você, para mim, para tantas outras pessoas: “Mas ele me faz tão bem!” ONDE? Onde está isso que eu não vejo mais? Olho para o passado e não consigo enxergar quando foi que ele me fez tão bem assim, para que eu repetisse aos quatro ventos.

Sempre achei terrível mulheres que passam a falar mal do ex, anulando totalmente as coisas boas que viveram enquanto ainda dava certo. Continuo achando. E me seguro – firme – para que isso não aconteça comigo. Faça com que eu mantenha minha promessa, por favor. Mas às vezes – e não tão raramente – paro e me pergunto: Houve algum dia que as coisas deram realmente certo pra gente?

Gostaria de acreditar que sim.
Mas nem sempre é possível.
C.G.