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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

sábado, 17 de setembro de 2016

sobre o mundo que queremos viver;

Me peguei hoje pensando que não quero mais viver nesse mundo, Hans. Não é literal, você sabe – penso demais nos outros, aquela parcela importante e que não quero absolutamente nenhum mal ou tristeza. Mas sabe quando você vê – e lê – coisas tão absurdas, que se pega pensando o que está fazendo aqui? Você sabe que tenho um pé no espiritismo - não vejo a necessidade do rótulo, mas aqui acho importante para você entender meu ponto – e com isso me pego pensando por que estou aqui, sabe? Escolhi essa geração, essa parte da história da humanidade. E foi uma péssima escolha de mundo. Poderia ser pior, bem sei. Até que escolhi – não sei se ao acaso, mas dá pra acreditar em acaso? – alguns privilégios. Por outro lado: Deveria ter privilégio? Claro que não. Mas nesse ponto da história da humanidade ainda existem esses tais privilégios. E vim com alguns deles.

Minha mãe costuma dizer que a Vovó Velha dizia que a humanidade chegaria num ponto em que ninguém mais se entenderia. Estamos quase lá, não estamos? Tem gente espetando agulhas – com sabe-se lá o quê – nas pessoas por aí, Hans! Tem gente violentando crianças de dois anos. DOIS ANOS! Ninguém mais tem respeito por ninguém. Ou vergonha-na-cara.

Estou cansada. Estou triste, também. Ontem Domingos se afogou num rio, e isso me entristeceu de uma maneira que estou a ponto de chorar. Me peguei pensando em seu desespero, na luta por fôlego, no pensamento com os filhos, a esposa. Ninguém quer realmente morrer, Hans. Ainda não chegamos nesse ponto de evolução onde a Morte possa ser apenas uma viagem.

Você vê a contradição aqui? O mundo está um caos, mas não queremos morrer. Talvez ainda reste alguma esperança, apesar que a minha se encontra mais no Ápice de 2036, confesso.
Eu não quero mais viver nesse mundo, Hans.
Então está na hora de começar a construir um melhor.
Pelos Domingos que foram cedo demais;
Por seus filhos, nossas crianças.
C.G.