Templates da Lua

a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

terça-feira, 27 de outubro de 2015

sobre os males que fazemos aos nossos pais;

Vou ser compreensiva e dizer que até entendo que talvez não seja intencional. Pelo menos prefiro acreditar que na maioria das vezes não seja. Exceto talvez naquela fase rebelde da adolescência, que parece dar um gostinho de vingança fazer um malzinho àqueles que não nos permitiram algo que queríamos.

Sinceramente não lembro de ter cometido uma dessas vingancinhas, mas certamente fiz. Quem bate nunca lembra, não é mesmo? Nas lembranças constam outros males. A insistência em me distanciar mais de mil quilômetros, o silêncio na mesa, na casa, na vida. Eu também cometi os meus, sabe? Também fiz mal àqueles que hoje tanto prezo em ver bem.

Não sei exatamente quando as coisas mudaram, quando foi que eu passei a vê-los como uma joia rara que eu precisava segurar e proteger? Apenas sei que tem se tornado mais difícil, conforme os anos se passam, e não voltam.

Não voltam, Hans. É nesse ponto que mais me aflijo. Cada momento vivido não volta mais, e chegamos num ponto em que estamos correndo para o fim. Estarei sozinha, em algum momento. Talvez ainda dure mais do que já vivi, talvez só dure até amanhã. 

Mas eu os tenho comigo hoje, você me entende? Eu os fiz rir, ainda hoje. Conversamos, ainda hoje. Estamos todos bem. Estamos juntos. Acontece que não posso fazer por cinco, cabe fazer a minha parte, não posso ser cinco. Ou duas, ou três. 

Não posso ser três.  Posso ser apenas a filha mais nova, a mais decidida, tantos outros adjetivos que me deram. Sou essa. Não posso ser eles. Não posso ser Jaques, nem Ezequiel. Será que eles, em algum momento, chegaram a pensar sobre os dias que não voltarão? Sobre o mundo solitário que nos espera? 

As coisas tem sido difíceis, Hans.
C.G.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

sobre vestir minha armadura;

Depois de um certo tempo vivendo uma constante fase da vida, ela já se enquadra na minha categoria de verdades absolutas assumidas por algum motivo aleatório, mas importante. Faz um certo tempo que me decidi sobre isso, indo na contramão dos meus desejos aos vinte e dois.

Por outro lado, tal decisão também se contradiz com outro lema que adotei pra essa vida, que seria o "Não sou obrigada a nada." Não sou mesmo? Nessa questão, parece que sou. Porém, mais uma vez, em um terceiro lado (se é possível), não seria uma obrigação, se for escolha. Sincera. Necessária. Talvez uma obrigação comigo, mas nunca com eles.

Mas o ponto aqui, Hans, é que semana passada vi a promessa tremer. Tive visões de um futuro contrário, ofuscado pela simples volta. Escondi o sorriso e apaguei as previsões. Respirei fundo, tentando me manter neutra. Segura. Cheguei até a ficar um pouco indignada com meu eu tão fraco e iludido. 

Por fim, ergui o queixo, fechei a cara. Vesti minha armadura. Minha escolha é sincera, é necessária, é uma promessa que nunca foi feita, mas que será mantida, por mim, por eles, por nós. Se de fato foram tantas e tantas vidas vividas de forma similar, posso ao menos rebater que não foi de todo só.  


Permanecerei ao seu lado,
Prometo.
C.G. 

terça-feira, 1 de setembro de 2015

sobre despedidas em aeroportos;

Faz poucos dias que completou quatro anos que dei adeus em um aeroporto, sabendo que nunca mais veria aquela pessoa. Existem alguns instantes, mágicos, que temos toda a certeza do mundo, e mesmo que ela se esvaia em seguida, fica a sensação. Faz quatro anos que dei adeus em um aeroporto, para a pessoa que considerava ser o amor da minha vida.
 
Lembro que quando eu estava lá, parada, olhando para ele enquanto tirava minha mala do carro, cheguei a conclusão de que não estava mais apaixonada. Eu ainda o amava, mas não estava mais apaixonada. Essa frase virou clichê nos últimos anos (não lembro se antes ou depois de dois mil e onze), mas foi um dos pensamentos mais verdadeiros que tive em relação ao amor. Deve ter se tornado clichê justamente por isso: o amor e a paixão nem sempre morrem juntos.
 
Dei adeus e embarquei em um avião. Devo ter respirado fundo muitas vezes durante a viagem. Tentado descobrir exatamente onde tudo fora perdido. Hoje eu sei que o fracasso já estava desenhado desde o início, mas na época as coisas não estavam tão claras para mim. Éramos duas pessoas tão diferentes, que só mesmo karma para ter nos juntado. 

Depois de um tempo, cheguei a conclusão que mesmo que eu declarasse que o amor havia morrido, não seria tão simples assim. Acabei por me resignar que, de certa forma, eu sempre o amaria.Talvez pelas lembranças, ou pelas pessoas que me faziam lembrar dele com um soco no estômago, ou ainda por ter sido o primeiro amor real. Coloquei na cabeça que eu sempre iria amá-lo, e pronto, assunto encerrado.

Então algo maravilhoso aconteceu: o tempo. Há quatro anos, dei adeus para uma das minhas paixões mais intensas, mas não sei exatamente quando me despedi desse amor. Talvez em algum momento entre o corte radical de cabelo e o início da faculdade. Entre lágrimas e sorrisos sinceros tiradas por um gato, sustos e alegrias em família, antes ou depois da casa nova...

Em algum momento, nesses últimos quatro anos, o amor finalmente morreu.

E eu me sinto em paz.
C.G.
 

sábado, 8 de agosto de 2015

sobre (minhas) birras de criança;

A última carta que te escrevi, não mandei, Hans. Achei que o motivo que me fez escrever era egoísta demais, e resolvi deixar o rascunho de lado, talvez para uma melhor adaptação, no futuro. Porém o motivo de hoje também é uma dessas sensações que você se envergonha, mas não consegue evitar. Somos assim, né? 

Sinceramente não sei se é o fato que nasci no primeiro dia do mês, ímpar, numa quinta-feira, ímpar, meu nome completo, minha Lua em Virgem ou ainda toda a junção do meu mapa astral, mas se tem uma coisa que eu detesto, é ser contrariada. E você, pessoa de certo conhecimento, deve concordar comigo que as contrariedades fazem parte do mundo. E poxa, talvez até fazem ele um pouco melhor, não acha?

Ainda assim, a criança birrenta aqui dentro bate o pé e faz escândalo, não aceita que às vezes não dá, não deu, não quiseram... QUE NÃO. Simples assim. É até meio cômico, por que se olharmos por outro ângulo, a pessoa que mais contraria os outros nessa família, na vida... sou eu. O NÃO é presente, até demais, no meu vocabulário.

Mas quando ele é referido à mim, aaaah... a criança birrenta faz beiço, faz birra, fecha a cara e exclui o mundo. Ousaram me contrariar, agora aguentem meu mau humor. Não é patético? Quando você, um dia, me responder sobre esta, Hans, escreva apenas uma palavra: Cresça.


¯\_(ツ)_/¯
C.G.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

sobre avalanches;

Tem dias que simplesmente não são. Bons, rápidos, úteis, interessantes. Acho que estou tendo uma semana repleta destes. Eu tinha aprendido a controlar o impulso do estresse-de-querer-matar-todos, mas aí que está o ponto: não tem como controlar sempre e de repente explode bem na sua cara: uma avalanche.

Quando isso acontece, penso que temos duas opções: jogar tudo para fora (não recomendável) ou respirar fundo e segurar tudo para dentro (não recomendável também). Eu normalmente uso da segunda opção, mas sempre tenho que lidar com as consequências de muito sentimento negativo preso dentro de mim. Mas imagino que se eu utilizasse da primeira opção, seria amargamente preenchida com remorso, então... Negativo por negativo, escolho o que causa menos danos aos outros. E, consequentemente, à mim, por que não precisar lidar com os mimimis alheios já é de grande valia.

E esses dois parágrafos anteriores foram para te dizer que está difícil, Hans. Ontem foi um desses dias que não são nada de positivos. Eu quis matar muitos. Não é uma coisa de bom coração dizer, certo? Mas quis. OK, talvez não de fato, mas pelo menos poder dar de mão aberta na cara das pessoas até a raiva passar. Talvez eu deva treinar boxe.

E agora tenho que lidar com essa dor angustiante dentro do peito. É uma agonia. Imagino que princípios de infarto comecem dessa maneira, e isso não é legal, mas... Está aqui, a dor me lembrando que não consegui segurar a onde estressante e deixei ela me atingir. Me sufocar.

Mas claro que vai passar, Hans, como tantas outras coisas já passaram. Não sei exatamente por que esse episódio mexeu tanto com a minha pessoa, mas está aqui e eu precisava contar para alguém.



Melhor que seja pra você.
C.G.

quarta-feira, 11 de março de 2015

sobre os quases da vida;



Quase desisti, Hans. QUASE DESISTI. Acho que é nesse ponto, ou entre esse e o anterior, que você percebe aquela mudança, mínima, mas que te faz continuar. Que te obriga a continuar: ser responsável. É muito fácil desistir, você bem sabe. Simplesmente parar, se negar a continuar, voltar ao nada anterior, sem arrependimentos, mas com muitos futuros arrependimentos (conhecemos a sensação!). Acho que é esse o ponto: Você sabe que vai se arrepender se desistir, então você resolve continuar. Na obrigação mesmo, mas continuando. 

Nesse caso específico, eu até teria razão em desistir: muitos fatores externos estavam contribuindo (ainda estão, mas agora sou obrigada a ignorá-los: mas não sem comprar a briga toda vez que o assunto vem à tona). Mas enfim: Continuei, e que chatice é isso, ter-que-continuar-na-marra, ainda assim, acho que vou me orgulhar dessa decisão no futuro e nem sempre as coisas acontecem da forma que queremos, estava na hora de eu aprender essa regra. 

Não que tudo tenha sempre sido da forma que quis, pelo contrário, mas Polliana que sou, era fácil acreditar que o que tinha acontecido era o melhor e voilá, tudo estava certo e no lugar. (Como o caso da cerca que tinha dez centímetros de espaço entre as barras em vez de seis, conforme eu havia pedido e depois de muita encrenca e anos se passarem, cheguei a conclusão que a de dez era definitivamente melhor, justamente por não acontecer o que eu queria que acontecesse na de seis!) Dessa vez não tem como ser Polliana e acreditar que isso foi o melhor: talvez eu conseguisse, mas... definitivamente não foi.

Mas assunto encerrado,
 só queria deixar registrado o quase.
C.G.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

sobre a sensação que sonhos nos deixam;

Fazia um certo tempo que um sonho não me deixava com esse... feeling. É estranho. Minha rotina de sonhos mudou drasticamente, desde 2010 e meu super-preenchido diário de sonhos. Aqueles que antes eram diários e muito bem lembrados, foram se tornando escassos e borrados.

Continuam.
Mas alguns ainda me despertam sentimentos e sensações que não consigo expressar. Quando penso no sonho dessa noite - agitada, aliás - só consigo descrevê-lo como mucho loco.
Mas na real não lembro muito bem dele, um borrão de fato, mas a sensação... Essa ficou comigo. Aquele tipo de sonho que quase te faz acreditar que você conseguiria viver algo assim. E que você quer viver algo assim.

Mas aí vem a realidade e sua dose extra de motivos pelos quais simplesmente não vale a pena.

 
E você deixa a sensação pra lá.
C.G.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

sobre passar um tempo longe;

Hans, Hans, Hans! Quase um ano! Depois de abril, todos os meses passaram, voando, com ganhos, risadas, decepções e sustos. Dois mil e catorze foi intenso, Hans. Em muitos sentidos. A faculdade foi o que eu esperava: consegui aumentar o círculo de conhecidos, tive que socializar na marra. Conquistei afetos, me estressei com trabalhos de final de semestre - e até o estresse era bem vindo, significava que a vida estava acontecendo e eu estava fazendo algo. Ufa.

Na questão do trabalho, permaneci cerca de oito meses na Administração e então voltei para o lugar onde me sinto em casa, Saúde. Não me arrependi. Tem seus períodos de estresses, estou em um setor mais indefinido que o anterior, o batizei de etecetéra. Tudo cai aqui, mas está indo bem.

Família, ah... Tivemos nossos contratempos. Um irmão riscado da árvore genealógica. Tentei me manter neutra até certo ponto, depois que este foi ultrapassado não havia como ficar em cima do muro e pulei para um lado. Claro que seria o lado mais amado. Fui ficar do lado de quem possui meu coração e afeto mais sincero. Ainda assim, não fui a quem mais sentiu a falta e a decepção... Não senti nada, na verdade. Ainda não sinto. Mas meus pais... Ah Hans... Quem dera ele pudesse os ver com os meus olhos... Eu penso tanto, cuido tanto, amo tanto, sabe? Refaço planos, reconsidero opiniões, amenizo os tons das vozes. Tudo por eles, para tê-los por perto por um longo tempo ainda. 

Minha mãe nos deu um susto danado, em outubro. Eu não senti ela indo, não tive aquele feeling, mas morri de medo mesmo assim. Existe um ponto preto no meu coração, criado naquele dia. Mas passou. Estamos bem, estamos todos bem.

Os vinte e seis chegaram, e em seguida Saturno chegou em Sagitário. Ainda não descobri qual dos dois afetou minha relação com o dinheiro, mas comecei dois mil e quinze decidida a ter uma renda extra. E cá estamos, envoltos em cestas de páscoa em pleno janeiro. Mas é sucesso, Hans. 

Pretendo me manter mais presente neste ano, porém não pretendo fazer das pretensões, regras. 

Exceto viver, essa virou prioridade.
C.G.