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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

sobre acreditar nas mudanças;



Minha família nunca foi do tipo religiosa. Na verdade, lembro bem de aos sete, oitos anos, escutar minha mãe dizer que não acreditava em Deus. Com menos de uma década, eu não entendia que aquilo era só uma forma de demonstrar sua raiva para o mundo, pela morte repentina de seu pai. Levei aquelas palavras comigo por um tempo. Era criança e se minha mãe não acreditava em Deus, bom... “God Who?” Mais ou menos na mesma época (o que não precisa significar o mesmo ano e idade)  – preciso explicar um dia que minha forma de contar épocas é pelas casas que morei – eu e meu pai tivemos uma visita “diferente”. Não o vimos, só sentimos seu cheiro. Lembro de não ter duvidado do que (e de quem) era em nenhum momento. 


E por que estou falando isso, Hans? Por que eu “não acreditava em Deus” na minha forma de criança que leva as coisas ao pé da letra, mas acreditava em espíritos e vida depois da morte. As duas coisas eram reais para mim. Claro que eu cresci, e em algum momento confrontei minha mãe sobre sua não crença em Deus, e ela perguntou de onde eu havia tirado aquela ideia. Acho que entendi muitas coisas naquele dia. Falamos muito, Hans. E acreditamos em muitas outras coisas. E aquilo é real? Sim. Enquanto acreditamos, aquilo se torna a nossa realidade. Mas mudamos, entende? Ainda bem, concordo, mas isso tem me ocupado os pensamentos ultimamente. Até que ponto ainda mudaremos? O que nos tornaremos no futuro? Serão todas essas mudanças, benéficas? Acreditamos que sim, tenho certeza. Mas não podemos ter certeza de nada.


E tudo isso, Hans, é para que você entenda que nem eu mesma entendi como, quando, porquê mudei de ideia sobre o futuro. Quando comentavam antes, eu repelia a ideia. “Não é pra mim”, pensava. Mas mudei de ideia sobre tantas coisas – como sair da Saúde, por exemplo – então por que não mudaria de ideia sobre isso também? 


Mas acho estranho, confesso. Palavras que antes não faziam sentido nenhum, agora são relembradas com a ideia de que fazem todo o sentido do mundo. Quando começamos a mudar, Hans? E por que isso me intriga tanto, se durante tanto tempo me considerei uma metamorfose ambulante? Qual o problema em não estar na linha reta todo tempo, Hans? Se afinal, sendo linha, chegarei a algum ponto, em algum momento?


Justo eu, que sempre fui de acreditar, Hans.
Talvez esteja na hora de acreditar em mim.
C.G.