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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

sobre as reviravoltas;

I braved a hundred storms to leave you
As hard as you try, no, I will never be knocked down
(...)
Next time I'll be braver
I'll be my own savior
When the thunder calls for me
Next time I'll be braver
I'll be my own savior
Standing on my own two feet
Eu já devo ter falado sobre isso um milhão de vezes. E em todas elas, eu me pergunto o porquê de continuar falando. Mas ainda parece mágico perceber a não existência daquilo que me fez escrever a primeira carta à você, Hans. Talvez tenha durado tanto, que agora eu sinto a necessidade de falar sobre a falta. Essa ausência. Esse vazio aqui dentro ao ver a pessoa online e não sentir nada. É um bom sentimento, entende? Mas enquanto não ser preenchido, acredito que terei essa necessidade incontrolável de ficar repetindo: Eu consegui. Sobrevivi ao coração quebrado. Juntei os pedaços, e acabei não colando eles da forma certa... Me reinventei.  
 
Posso até chegar a dizer que foi bom. Sim, parece patético, mas foi bom ter o coração despedaçado incansáveis vezes, até chegar a um ponto em que eu não sabia mais aonde cada peça se encaixava e assim ter que começar do zero. Foi bom. Foi libertador, Hans.
 
E sempre teremos as coisas boas. 
 
Essa, com certeza, é uma delas.
O quote lá em cima também.
C.G.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

sobre o mau humor dos dias cinzas;



O mau humor sempre está em mim. Você sabe. 

A novidade é quando ele está escondido... E até que consegui camuflá-lo bem nos últimos tempos. Mas tem dias que não dá, talvez por que eu certamente estava prevendo que o dia seria cinza e chuvoso. Tem coisa pior que dia cinza e chuvoso? Me lembra o inverno, e eu detesto o inverno. E tenho um motivo a mais para detestar a chuva: a entrada da minha rua fica um verdadeiro pântano, e eu praguejo contra caminhoneiros, dono de supermercado, e quem mais ousar passar por mim enquanto eu estou no meio da rua tentando não sujar meu sapato. Seja ele qual for.

Fora isso, minha pequena estava sem ração desde domingo a noite. Ninguém viu – no sábado – que estava acabando e ontem era feriado. Fiquei com remorso e isso deve ter contribuído para a elevação das taxas mau-humoristicas no meu sangue. Ainda que eu tenha chegado atrasada no trabalho, justamente para passar no supermercado antes e comprar a tal ração. Só que não tinha do pacote azul, só do amarelo.

Ela prefere o azul, Hans.
Ainda assim, não vejo motivos reais para o mau humor. Não vejo motivo para eu resmungar perguntando o que querem que eu faça, se o técnico da impressora não veio e é ele que cuida das manutenções nas impressoras. Mágica? O pó de pirilim-pim-pim está em falta.

O divertido da situação, Hans, é que eu sinto remorso pelo mau humor sem motivo. Havia um tempo que não, que ele podia ser descontado em qualquer um e não passava pela minha consciência que as pessoas não tinham nada a ver com aquilo. Pelo menos agora passa, viu? E tento me manter afastada da civizliação – mais ainda – em dias como o de hoje. Só que dias como o de hoje me fazem pensar em muita coisa – talvez seja o clima. Quem consegue pensar num futuro bom, em dias cinzas? Eu gosto de cor, você sabe.

Enfim, a amiga da minha irmã perguntou para ela se eu acho que encontrarei um marido trancada dentro de casa. Ah, Hans... Eu devo rir da metidice alheia? Por que meu futuro deveria passar pela mente de uma pessoa qualquer? Será que ela não tem outras coisas pra se preocupar? Acho estranho, sabe? Sei lá... Eu nunca pensei sobre o futuro dos outros. Não me interessa. E daí me é estranho pensar que interessa para os outros. Cada louco com a sua mania.

Mas não. Essa é a resposta: Não acho que eu vá encontrar o tal marido – que por acaso ela supôs que eu queira ter – trancada dentro de casa. Pra ser sincera, não acho absolutamente nada sobre esse assunto. Também me é estranho. Talvez a resposta que a minha irmã deu a ela sirva bem pra todas as perguntas do tipo: É tipo a Morte, um dia virá.

O único porém, Hans,
É que eu acredito na vida eterna.
C.G.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

sobre todos estarem morrendo;

Hans, Hans, Hans. Estão todos morrendo, Hans. O que vamos fazer? Continuar vivendo, eu sei, e esperar chegar nossa vez, é isso? Meu pai disse que está escrito - MAKTUB! - na Bíblia, que chegaria um tempo em que os vivos invejariam os mortos. Essa semana tivemos várias mortes. Duas por acidente, outra por doença. As de doença o tempo é prolongado e sofrível demais. Quando finalmente o beijo da morte chega, a família, por mais desamparada que se sinta, entende que 'foi melhor assim'. Apesar de nunca ser. 

Eu acredito na vida eterna, Hans. Mas mesmo acreditando com todas as minhas forças, não posso concordar que 'foi melhor assim', nesse caso. A gente sempre diz isso, mas no fundo queríamos mesmo era que a pessoa estivesse ali, viva, saudável, feliz. Nunca 'é melhor assim', apenas entendemos - de forma torta - que não havia nada mais a ser feito. E assim nos consolamos por que a doença estava comendo a pessoa viva. 

Mas acidente, Hans? Acidente é mais dolorido, é mais repentino, é uma vida tirada de forma trágica, sem que ninguém esperasse por ela. E os planos? E a família? O que acontece com os vivos, daí? Como continuar vivendo, simplesmente? 

C.G.