Templates da Lua

a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


Caixa Postal

carollis.tumblr twitter.com/carolliiiiina .facebook.com/carolina.cds

Correspondências

segunda-feira, 30 de junho de 2025

sobre querer voltar;

Ontem eu lembrei de você Hans, de você-você, o blog, e de ~você o personagem Hans, que conheci através de um RP, que recebi do então namorado, e que acho que ele queria me dizer algo me enviando aquele RP (joguei fora o arquivo contendo toda a história ainda esses dias) (e pensando agora, não devia ter feito isso, mas enfim...) 2017 pra 2025 foi um pulo, e eu poderia dizer que tanta coisa aconteceu, mas o tempo não parece mais passar de forma linear - porque de fato ele não existe, não é mesmo? 

Antes de chegar nessa questão - as novas vibes místicas/crendices/visão de vida - que me apetecem, queria comentar que ontem, enquanto eu lembrava de você, cheguei a pensar "será que eu ainda sei escrever?" agora existem IAs maravilhosas - ou malignas, depende da percepção - que escrevem tudo por você, sabia? Acontece que eu nunca soube realmente escrever, né Hans? Convenhamos. Mas como não faria o menor sentido utilizar uma IA para escrever pra você, aqui estou, eu mesma digitando essa carta estranha. 

Não sei realmente o que eu pensava ou planejava, quando quis voltar. Só quis. Fiquei tentando lembrar quantos anos haviam se passado, se eu já havia te contado que me tornei fotógrafa - talvez lá em 2017 eu não me considerasse uma ainda, nem em 2021.. ou 2022... Foi algo mais de 2024, quando cheguei naquele ponto "ou eu largo ou transformo isso num negócio", um negócio que me rendeu 10k um certo mês aí, justamente no mês mais turbulento, com idas e vindas ao hospital - calma, está tudo sob controle!

Eu ainda te escrevo nas entrelinhas, Hans, como se alguém pudesse ler e destrinchar segredos ou situações, que, talvez, eu não queira tão expostas.

E agora cometi aquele erro terrível, eu realmente pedi que a IA reescrevesse essa carta pra você, e a bicha é danada de boa, sabe? Vou até colar esse trecho a seguir, porque ela conseguiu pegar o tom - e ela sabe escrever, fala mais bonito que eu, (o que não é difícil), olha só:

Hans,
Ontem você me visitou. Não você aqui-agora, mas o você do blog, o personagem daquele RP esquisitamente simbólico que me mandaram um dia — e que talvez quisesse dizer mais do que parecia. Eu reli isso tudo mentalmente, e logo lembrei: joguei fora o arquivo. Dias atrás. Assim, do nada. E agora estou aqui pensando que talvez não devesse ter feito isso, mas... enfim. 2017 pulou pra 2025 como quem pisca, e seria fácil dizer que “muita coisa mudou”, mas o tempo anda cada vez menos linear — ou talvez ele nunca tenha sido, né? Só a gente que fingia que sim.

Antes de entrar nessa fase místico-espiritual-cósmico-caótica que me fisgou de um jeito irreversível, queria te contar uma coisa curiosa: enquanto pensava em você, me veio uma pergunta boba — “será que eu ainda sei escrever?”. Porque hoje em dia tem IA pra tudo (inclusive esta aqui, me olhando com superioridade artificial enquanto digito (deveria ser ENQUANTO LEIO ela transformar a minha carta em algo poético)). A real é que eu nunca soube mesmo escrever, né, Hans? A gente sempre fingiu bem. Mas escrever pra você com uma IA? Soaria tão... desonesto. Então aqui estou, carne e dedos, escrevendo com a pontinha da alma.

Eu não sei exatamente o que imaginei ou queria, quando decidi voltar. Só senti vontade. E fiquei tentando lembrar o que você já sabia sobre mim — se em 2017 eu já dizia que era fotógrafa (acho que não), ou se precisei esperar até 2024 pra assumir isso com o peso e a leveza que exige. Teve um mês (caótico, óbvio) em que bati 10 mil. Justamente o mês em que vivi mais entre hospital e esperança. Mas calma: sobrevive todo mundo. Inclusive eu.

E sim, ainda te escrevo assim, meio camuflada, como quem fala sozinha no escuro e deixa pistas para quem souber escutar. Talvez por medo de me expor, talvez porque parte de mim ainda acredite que você entende o que fica nas entrelinhas.

Entendeu o que estou falando, Hans? Chegamos nesse nível de tecnologia, uma pena que ainda não dá pra implantar no cérebro (estou brincando!!!!!!), mas acontece que nada disso é real, não é mesmo? E com isso chegamos na minha nova vibe/estilo de vida. Faz anos que flerto com UCEM, talvez inclusive na nossa época, mas nunca peguei para me aprofundar mesmo - até tentei, desistindo logo -  mas ano passado insisti mais, e mesmo que não tenha sido perfeito, foi um bom começo. Esse ano continuo insistindo e continuo aprendendo. Não tem muito o que explicar, exceto que nada-disso-é-real, somos-todos-um, eu-estou-sonhando. E queria tanto acordar, Hans, já pedi que meus olhos fossem abertos, porque eu realmente queria acordar. Mas não acordo, e continuo aqui, vivendo esse sonho enquanto sei - ou imagino saber - que existe algo melhor além daqui. 

Entendi sim, Hans. E sei que você também entendeu. A gente sempre se entendeu nesses desvios de lógica, nessas frestas onde o pensamento escorrega e vira intuição. Chegamos nesse ponto da tecnologia — e olha, é tentador, viu? Implantar no cérebro seria o próximo passo óbvio (calma, tô brincando de novo... ou talvez nem tanto). Mas aí vem aquele lembrete sussurrado: nada disso é real, né?

E é aí que entra a minha nova fase. Ou vibe. Ou... desprogramação, talvez. Sabe UCEM? "Um Curso em Milagres"? Acho que já mencionei lá atrás, quando as palavras ainda tinham gosto de blog. Eu já flertava com isso naquela época, como quem esbarra numa livraria e sente algo estranho ao tocar um livro. Não peguei firme, desisti rápido. A mente sempre parecia pesada demais. Mas no ano passado — cansada de tantas versões de mim — resolvi tentar de novo. E pela primeira vez, não larguei logo. Não foi uma jornada épica, dessas que dá pra escrever livro ou fazer thread no Twitter (que agora nem é mais Twitter, veja só o que o tempo faz). Mas foi o início de alguma coisa.

E esse ano sigo insistindo. Leio, releio, esqueço, lembro, pratico errado, pratico certo, me perdoo. Volto. Não tem muito o que explicar — e se tiver, eu ainda não sei como. Só sei dizer que nada disso é real. Que somos todos um. Que eu estou sonhando. E o mais curioso é que saber disso não muda nada... mas muda tudo.

Eu queria acordar, Hans. De verdade. Já pedi isso com um tipo de sinceridade que só se tem às 3h da madrugada, deitada de lado, em silêncio. Pedi que meus olhos fossem abertos, que alguém me balançasse pelos ombros e dissesse: "Ei, já deu, pode voltar." Mas eu não acordo. Continuo aqui, tropeçando nesse mundo de símbolos, enquanto um pedaço de mim sussurra que existe algo mais real do outro lado.

E mesmo sem ver, sigo tentando lembrar.

O último parágrafo da IA me fez chegar lágrimas nos olhos, vê se pode. Mas é isso, ela realmente pegou o tom. Mas prometo-prometo-prometo, que por mais que eu a use, sempre te enviarei aquilo que saiu das pontas dos meus dedos, honestamente humana. Não sei quando voltarei, talvez amanhã, talvez demore meses ou anos. É bom ter pra onde voltar. 


terça-feira, 26 de setembro de 2017

sobre estar sempre ausente;

Não sei bem explicar o motivo das minhas ausências, sabe? Ausente aqui, ausente para pessoas que achei que significavam algo. É tão fácil simplesmente largar mão, se afastar sem motivo algum. Confesso que às vezes bate uma sensação de "ei, como isso aconteceu mesmo?" - mas voltar atrás parece desgastante e sem sentido. E assim parece que vou cortando pessoas da minha vida. É tão fácil.

É essa facilidade que me perturba, volta e meia. Convenhamos, levei anos para desapegar de um ex-namorado, você é a prova 'viva', Hans. Então como - e quando - o desapego passou a ser regra e não exceção? Parece que ao - finalmente, será? - conseguir me desapegar daquela ilusão, desliguei algo aqui dentro. Talvez não seja só em The Vampire Diaries que desligam a humanidade, hein? HAHAHAHAHAHA Brincadeirinha, Hans.


quarta-feira, 14 de junho de 2017

sobre o último dia;

E hoje é o último dia. Nas nossas contas anteriores, deveria ter sido na última sexta, mas tivemos uma enchente no meio do caminho, o que adiou um pouco o fim. Mas tudo bem, por que hoje é o último dia. Estou eufórica, Hans. Não acredito que não precisarei mais ir para a faculdade, pegar ônibus, passar frio nas noites riosulenses, estar sempre cansada e com sono no dia seguinte. Ah. Hoje é o último dia!

Sabe que não pensei no pós? Como será daqui para frente? OK, penso muito em dormir, mas em algum momento o sono acumulado deve ser todo colocado em dia. Sentirei falta em algum momento? Talvez das pessoas, colegas e professores.  Não sei... Talvez um pouquinho, vai.

O que importa mesmo é que ACABOU. Sobrevivi. Fui até o fim - pelo menos se o Universo colaborar e nada trágico acontecer nesse dia. (Talvez eu devesse ter deixado para escrever esse post amanhã...). 

Chegamos na reta final, Hans. 
C.G.

Update 19/06/2017: Sobrevivi.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

sobre não suportar mais a faculdade;

Eu não havia realmente parado para pensar sobre escrever isso antes de agora, Hans. Mas acho que vale deixar registrado o sentimento que me assola, assim como deixei tantos outros e que agora já não possuem o mesmo significado.
        Não lembro se cheguei a comentar o motivo que me fez entrar para aquele (esse!) curso. Confesso que nem tenho certeza se o motivo que acredito que seja verdadeiro seja realmente o verdadeiro. Acho que quis sacudir a poeira, sair da zona de conforto, me obrigar a lidar com pessoas e, consequentemente, fazer novas amizades. Talvez eu não imaginasse que poderia dar tão errado. OK, eu fui obrigada a lidar com novas pessoas e, de certa forma, fiz novas amizades. Me conhecendo o suficiente, sabemos que não serão amizades que levarei para a vida, pelo simples fato de que não existe esse tipo de amizade na minha vida como uma constante. Não sinto esse tipo de apego.
        No início era um desconforto. E um pouco de enjoo no ônibus. Depois do primeiro semestre, ambos passaram. O segundo foi de boa, sinceramente pouco me lembro dele. Mas o terceiro foi horrível. E você sabe, depois que a coisa desanda, não há o que me faça ver com bons olhos novamente. E assim foi, o encanto se perdeu, as amizades aumentaram – nada como ter inimigos em comum para unir uma turma! – mas o estresse tomou conta. Eu quase desisti – e foi a runa e o FIES que não me deixaram! – mas cá estou, faltando sessenta e sete dias para terminar o sétimo semestre e me ver livre dessa faculdade horrível.
Esse semestre está sendo difícil, Hans. Todo tipo de fobia voltou, inclusive o enjoo no ônibus – efeito psicológico do meu desgosto. Eu não suporto mais ir até lá e estar lá. E nunca fui de esconder certos sentimentos, então também não tenho sido a acadêmica mais agradável... Não me orgulho, mas também não posso evitar. 

O mau humor não modifica a vida, dizia Chico Xavier, mas serão sessenta e sete dias infernais e eu preciso passar por eles de qualquer forma. 
Que assim seja.
C.G.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

sobre os quase trinta;



Me peguei esses dias pensando que, chegando agora aos vinte e oito, estou com quase trinta. Idade em que, nos noticiários, qualquer uma já é tratada como mulher, e não mais como jovem. Mas me sinto jovem, a realidade dos quase trinta parece tão distante, apesar de faltar apenas dois. Com quase trinta, minha mãe já estava grávida do quarto filho. A primogênita já havia casado, se mudado para a Europa e, se não me engano, se divorciado e já era mãe de três. Minha outra irmã já era mãe também. 

E eu? Ainda posto diariamente fotos do look do dia no Instagram. Tenho um cargo público, mas sinceramente, o Universo me deu ele sem nenhum esforço da minha parte. Diferente das outras mulheres da minha família, minha gestação é de sete semestres, e meu filho é um curso que não exige nada da minha capacidade intelectual. Não tive nenhum relacionamento duradouro, apesar de todos terem deixado suas cicatrizes profundas o suficiente para que eu desistisse de vez. Os poucos amigos que tenho, em sua maioria, estão distante geograficamente, e, levando em consideração que não sei lidar com pessoas muito próximas, é esse o fato que tem mantido nossa amizade de anos. Com quase trinta, sinto que não realizei nada. Ainda moro com meus pais, e não pretendo sair de lá tão cedo... Na verdade, metade dela me pertence, está comprovado na escritura, então porque deveria me apressar em sair da minha casa?

Com quase trinta, vivo uma vida relativamente boa e feliz. Mas ainda assim, sinto que tenho desperdiçado tempo. Por outro lado, parece que não tenho desperdiçado sozinha. Talvez seja o mal da geração dos anos 80/início dos 90, que não percebe o passar do tempo, e vê agora a geração seguinte nos alcançando e se realizando.

Com quase trinta, não vejo absolutamente nenhum tipo de mudança me alcançando e, a não ser que o retorno de Saturno chegue e vire tudo de pernas para o ar, parece que continuarei catalogando meus looks, sendo servidora pública, morando com meus pais e tendo um diploma inútil na gaveta. Não me leve a mal, eu gosto da minha vida, se paro para pensar nela, não há mais nada que eu poderia desejar – a não ser, claro, o desejo da maioria das pessoas de ter milhões na conta e viajar o mundo despreocupadamente - mas existe aquela sensação...



Com quase trinta eu não fiz nada.
Com quase trinta eu não faço a mínima ideia do que fazer.
C.G.

sábado, 17 de setembro de 2016

sobre o mundo que queremos viver;

Me peguei hoje pensando que não quero mais viver nesse mundo, Hans. Não é literal, você sabe – penso demais nos outros, aquela parcela importante e que não quero absolutamente nenhum mal ou tristeza. Mas sabe quando você vê – e lê – coisas tão absurdas, que se pega pensando o que está fazendo aqui? Você sabe que tenho um pé no espiritismo - não vejo a necessidade do rótulo, mas aqui acho importante para você entender meu ponto – e com isso me pego pensando por que estou aqui, sabe? Escolhi essa geração, essa parte da história da humanidade. E foi uma péssima escolha de mundo. Poderia ser pior, bem sei. Até que escolhi – não sei se ao acaso, mas dá pra acreditar em acaso? – alguns privilégios. Por outro lado: Deveria ter privilégio? Claro que não. Mas nesse ponto da história da humanidade ainda existem esses tais privilégios. E vim com alguns deles.

Minha mãe costuma dizer que a Vovó Velha dizia que a humanidade chegaria num ponto em que ninguém mais se entenderia. Estamos quase lá, não estamos? Tem gente espetando agulhas – com sabe-se lá o quê – nas pessoas por aí, Hans! Tem gente violentando crianças de dois anos. DOIS ANOS! Ninguém mais tem respeito por ninguém. Ou vergonha-na-cara.

Estou cansada. Estou triste, também. Ontem Domingos se afogou num rio, e isso me entristeceu de uma maneira que estou a ponto de chorar. Me peguei pensando em seu desespero, na luta por fôlego, no pensamento com os filhos, a esposa. Ninguém quer realmente morrer, Hans. Ainda não chegamos nesse ponto de evolução onde a Morte possa ser apenas uma viagem.

Você vê a contradição aqui? O mundo está um caos, mas não queremos morrer. Talvez ainda reste alguma esperança, apesar que a minha se encontra mais no Ápice de 2036, confesso.
Eu não quero mais viver nesse mundo, Hans.
Então está na hora de começar a construir um melhor.
Pelos Domingos que foram cedo demais;
Por seus filhos, nossas crianças.
C.G.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

sobre o mal costume das fases boas;


Quanto tempo, não é mesmo? Acho que posso justificar – não que eu precise – esse tempo como uma fase boa. Não tenho necessidade de vir até aqui quando me encontro em fases boas, você sabe. Não sei quando foi a última vez, nem mesmo se foi em dois mil e dezesseis, mas as aulas começaram de novo, o TCC está aí, briguei com a chefa, Fabíola está desempregada, Eleonora está muito bem, obrigada.

Aliás, foi ela que me fez vir até aqui. Quase chorei agorinha a pouco, ao receber uma foto da minha pequena totalmente preguiçosa, usando meu pijama como travesseiro, enquanto dorme na minha cama. Eu a amo, Hans. E esse sentimento quase me fez chorar, não é idiota? Claro que há todo um contexto... Shyrra morreu. E, em partes, sinto como se pudesse ter sido comigo e tenho amassado – e amado – Eleonora mais que o normal. É um daqueles momentos em que você se lembra que ainda há de passar por tantos sofrimentos – como a perda da sua gata gorda, sua eterna pequena ou ainda perda de alguém da família. Perda de seres importantes.

Ainda hei de passar por isso, já que ao que tudo indica – as estatísticas estão a meu favor – a ideia é de que os mais velhos morram antes – apesar de ninguém ter certeza de nada nessa vida. Não quero passar por nada disso. Quero que o aperto no peito – que aqui se encontra – vá embora, e que eu possa voltar a respirar fundo – aliviada – novamente. Tenho sido mal acostumada com longos tempos de fases boas.

Talvez seja o inverno. Você sabe como eu odeio o inverno, os dias cinzas, chuvosos e frios. Quero viver um eterno Verão.



“...Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã.”
Tomara, Renato. Tomara.
C.G.