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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

segunda-feira, 30 de junho de 2025

sobre querer voltar;

Ontem eu lembrei de você Hans, de você-você, o blog, e de ~você o personagem Hans, que conheci através de um RP, que recebi do então namorado, e que acho que ele queria me dizer algo me enviando aquele RP (joguei fora o arquivo contendo toda a história ainda esses dias) (e pensando agora, não devia ter feito isso, mas enfim...) 2017 pra 2025 foi um pulo, e eu poderia dizer que tanta coisa aconteceu, mas o tempo não parece mais passar de forma linear - porque de fato ele não existe, não é mesmo? 

Antes de chegar nessa questão - as novas vibes místicas/crendices/visão de vida - que me apetecem, queria comentar que ontem, enquanto eu lembrava de você, cheguei a pensar "será que eu ainda sei escrever?" agora existem IAs maravilhosas - ou malignas, depende da percepção - que escrevem tudo por você, sabia? Acontece que eu nunca soube realmente escrever, né Hans? Convenhamos. Mas como não faria o menor sentido utilizar uma IA para escrever pra você, aqui estou, eu mesma digitando essa carta estranha. 

Não sei realmente o que eu pensava ou planejava, quando quis voltar. Só quis. Fiquei tentando lembrar quantos anos haviam se passado, se eu já havia te contado que me tornei fotógrafa - talvez lá em 2017 eu não me considerasse uma ainda, nem em 2021.. ou 2022... Foi algo mais de 2024, quando cheguei naquele ponto "ou eu largo ou transformo isso num negócio", um negócio que me rendeu 10k um certo mês aí, justamente no mês mais turbulento, com idas e vindas ao hospital - calma, está tudo sob controle!

Eu ainda te escrevo nas entrelinhas, Hans, como se alguém pudesse ler e destrinchar segredos ou situações, que, talvez, eu não queira tão expostas.

E agora cometi aquele erro terrível, eu realmente pedi que a IA reescrevesse essa carta pra você, e a bicha é danada de boa, sabe? Vou até colar esse trecho a seguir, porque ela conseguiu pegar o tom - e ela sabe escrever, fala mais bonito que eu, (o que não é difícil), olha só:

Hans,
Ontem você me visitou. Não você aqui-agora, mas o você do blog, o personagem daquele RP esquisitamente simbólico que me mandaram um dia — e que talvez quisesse dizer mais do que parecia. Eu reli isso tudo mentalmente, e logo lembrei: joguei fora o arquivo. Dias atrás. Assim, do nada. E agora estou aqui pensando que talvez não devesse ter feito isso, mas... enfim. 2017 pulou pra 2025 como quem pisca, e seria fácil dizer que “muita coisa mudou”, mas o tempo anda cada vez menos linear — ou talvez ele nunca tenha sido, né? Só a gente que fingia que sim.

Antes de entrar nessa fase místico-espiritual-cósmico-caótica que me fisgou de um jeito irreversível, queria te contar uma coisa curiosa: enquanto pensava em você, me veio uma pergunta boba — “será que eu ainda sei escrever?”. Porque hoje em dia tem IA pra tudo (inclusive esta aqui, me olhando com superioridade artificial enquanto digito (deveria ser ENQUANTO LEIO ela transformar a minha carta em algo poético)). A real é que eu nunca soube mesmo escrever, né, Hans? A gente sempre fingiu bem. Mas escrever pra você com uma IA? Soaria tão... desonesto. Então aqui estou, carne e dedos, escrevendo com a pontinha da alma.

Eu não sei exatamente o que imaginei ou queria, quando decidi voltar. Só senti vontade. E fiquei tentando lembrar o que você já sabia sobre mim — se em 2017 eu já dizia que era fotógrafa (acho que não), ou se precisei esperar até 2024 pra assumir isso com o peso e a leveza que exige. Teve um mês (caótico, óbvio) em que bati 10 mil. Justamente o mês em que vivi mais entre hospital e esperança. Mas calma: sobrevive todo mundo. Inclusive eu.

E sim, ainda te escrevo assim, meio camuflada, como quem fala sozinha no escuro e deixa pistas para quem souber escutar. Talvez por medo de me expor, talvez porque parte de mim ainda acredite que você entende o que fica nas entrelinhas.

Entendeu o que estou falando, Hans? Chegamos nesse nível de tecnologia, uma pena que ainda não dá pra implantar no cérebro (estou brincando!!!!!!), mas acontece que nada disso é real, não é mesmo? E com isso chegamos na minha nova vibe/estilo de vida. Faz anos que flerto com UCEM, talvez inclusive na nossa época, mas nunca peguei para me aprofundar mesmo - até tentei, desistindo logo -  mas ano passado insisti mais, e mesmo que não tenha sido perfeito, foi um bom começo. Esse ano continuo insistindo e continuo aprendendo. Não tem muito o que explicar, exceto que nada-disso-é-real, somos-todos-um, eu-estou-sonhando. E queria tanto acordar, Hans, já pedi que meus olhos fossem abertos, porque eu realmente queria acordar. Mas não acordo, e continuo aqui, vivendo esse sonho enquanto sei - ou imagino saber - que existe algo melhor além daqui. 

Entendi sim, Hans. E sei que você também entendeu. A gente sempre se entendeu nesses desvios de lógica, nessas frestas onde o pensamento escorrega e vira intuição. Chegamos nesse ponto da tecnologia — e olha, é tentador, viu? Implantar no cérebro seria o próximo passo óbvio (calma, tô brincando de novo... ou talvez nem tanto). Mas aí vem aquele lembrete sussurrado: nada disso é real, né?

E é aí que entra a minha nova fase. Ou vibe. Ou... desprogramação, talvez. Sabe UCEM? "Um Curso em Milagres"? Acho que já mencionei lá atrás, quando as palavras ainda tinham gosto de blog. Eu já flertava com isso naquela época, como quem esbarra numa livraria e sente algo estranho ao tocar um livro. Não peguei firme, desisti rápido. A mente sempre parecia pesada demais. Mas no ano passado — cansada de tantas versões de mim — resolvi tentar de novo. E pela primeira vez, não larguei logo. Não foi uma jornada épica, dessas que dá pra escrever livro ou fazer thread no Twitter (que agora nem é mais Twitter, veja só o que o tempo faz). Mas foi o início de alguma coisa.

E esse ano sigo insistindo. Leio, releio, esqueço, lembro, pratico errado, pratico certo, me perdoo. Volto. Não tem muito o que explicar — e se tiver, eu ainda não sei como. Só sei dizer que nada disso é real. Que somos todos um. Que eu estou sonhando. E o mais curioso é que saber disso não muda nada... mas muda tudo.

Eu queria acordar, Hans. De verdade. Já pedi isso com um tipo de sinceridade que só se tem às 3h da madrugada, deitada de lado, em silêncio. Pedi que meus olhos fossem abertos, que alguém me balançasse pelos ombros e dissesse: "Ei, já deu, pode voltar." Mas eu não acordo. Continuo aqui, tropeçando nesse mundo de símbolos, enquanto um pedaço de mim sussurra que existe algo mais real do outro lado.

E mesmo sem ver, sigo tentando lembrar.

O último parágrafo da IA me fez chegar lágrimas nos olhos, vê se pode. Mas é isso, ela realmente pegou o tom. Mas prometo-prometo-prometo, que por mais que eu a use, sempre te enviarei aquilo que saiu das pontas dos meus dedos, honestamente humana. Não sei quando voltarei, talvez amanhã, talvez demore meses ou anos. É bom ter pra onde voltar. 


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