Lembra Hans, do motivo que me fez iniciar tudo isso aqui? Ele passou, assim como muitas coisas nesse último ano, mas às vezes... Ainda sinto essa necessidade absurda de tentar explicar - ou entender - como ele pôde passar. E hoje - quase sem querer - encontrei um texto - ou uma carta? - que diz tudo. Transcrevo-a aqui, por que ela precisa ficar guardada, para eu sempre poder reler e lembrar o porquê.
O amor morreu
Depois dos nossos infernos e das nossas tempestades, o
que não foi carregado virou destroço de uma vida que um dia foi bonita.
Nada mais parece que me cabe além dessa distância enorme que se instalou
nas nossas lacunas. Os piores quilômetros são aqueles que a gente não
quer ultrapassar pra não fazer esforço algum e o comodismo é o mal do
século – essa doença deslocada que se apoderou do nosso desejo de ser
feliz. Eu não sei mais o que imaginar.
Faz tempo
que não te escrevo. Faz tempo que as minhas cartas não tem endereço e
não há quase nada que me interesse. Acho que me faltam essas coisas que
as pessoas chamam de emoção e saudade e dor e solidão. Não sinto nada
disso, nada parecido com tudo o que a gente tem que sentir. Ninguém
sabe, mas só sofrendo é que dá pra ter felicidade – senão a vida é só um
passeio tedioso e mal degustado.
Percebi que não podia mais há três dias, quando você chegou em
casa e eu nem liguei se era lá fora ou aqui dentro. Fiquei monologando
dentro da minha cabeça porque me senti a pessoa mais assustada e
despreparada do mundo. A gente não devia ser infeliz dentro do próprio
corpo, então eu tive medo e reparei no meu remorso. E na minha falta e
no meu vazio e na minha ausência. Nada mais poderia ter sido mais
importante.
Em algum lugar eu parei de te precisar – deixei de querer te
precisar. Pior do que não sentir é não querer nem um pequeno pedaço
daquilo ou daquele que, no caso, é você. Mas não me entenda mal, porque
sei que você também já não partilha aquele antigo sentimento caloroso e
íntimo que um dia foi nosso – o que existia se esvaiu aos pouquinhos
pelas nossas mãos ou corações ou seja lá o que for. Só gostaria de saber
exatamente em qual esquina das nossas vidas a gente deixou de se
encontrar.
Eu preciso ir.
Do tumblr coligir.
Que sempre parece ler nas entrelinhas.
(acho que é Letícia o nome dela. Bonito, não?)
C.G.
Nenhum comentário:
Postar um comentário