Ah, Hans...
Acho que novembro será difícil.
Tem Sol, faz calor, uma maravilha... Mas lá fora, sabe? Aqui dentro as coisas
ainda andam complicadas. Ezequiel pseudo-resolveu os problemas financeiros lá em casa... Bom, na
verdade ele assumiu as dívidas, e pagará todas nos próximos três meses. Se por
um lado estamos sem dívidas, por outro... estamos sem dinheiro. Será que meu
raciocínio está tão errado assim?
Seguinte: Ao assumir as dívidas e
pagar bem além do valor da pensão que ele dá em casa, ele cortou a pensão –
pelo menos por esse mês, mas nada garantido que pagará nos próximos dois – eu
acho justo, realmente, mas... Com a pensão dele, minha mãe paga água, luz,
leite, e às vezes – ele iria aumentá-la esse mês – sobra pra comprar comida ou
algo assim. Daí sem a pensão... Bem, não temos dinheiro pra pagar água, luz,
leite... e comida, HAHA Então, se ele ajuda por um lado – e ajuda muito! Ressalto que não estou dizendo que ele está errado,
só estou colocando a minha visão dos fatos – ele atrapalha por outro, e no
final: continuamos trancados.
Não temos dinheiro para fazer uma
compra mensal no supermercado. Não temos dinheiro para pagar água, luz e leite.
Não teremos dinheiro tão cedo pra comprar o box, granita, sugar... As pedrinhas
lá pra trás de casa... As coisinhas mínimas, mas que estão custando demais pra
quem não tem dinheiro, sabe?
Se ele tivesse aceitado a minha
solução, e refinanciando o empréstimo que ele fez no nome dele, mas eu que
estou pagando... Seria muito melhor! Estaríamos pagando juros? COM CERTEZA, mas
com o valor da parcela do empréstimo eu não conseguiria pagar tudo e ainda
comprar as coisas, por mês. E se eu tivesse o empréstimo e pagasse tudo, ele
continuaria dando a pensão dele em casa, e sobraria pra água, luz, leite,
comida... Você entende meu ponto, Hans?
Eu já queria uma solução TOTAL, e
o empréstimo/refinanciamento seria essa solução. Assim, só temos a solução
parcial... Continuamos trancados, sem dinheiro, de mãos atadas... E também não
dá pra dizer isso pro Ezequiel, ou ele vai nos achar muito injustos... E talvez
tenha razão. Mas é que eu estou vendo a situação pelos olhos da minha mãe –
quando foi que me tornei essa pessoa, Hans? – e é isso que ela vê: “Como é que
vamos comprar comida, meu Deus?”
Situação complicada, é como eu
disse. A única coisa que vai sobrar do meu décimo – eu tenho que pagar mil
reais que meus pais devem pro Ezequiel, lembra? – são duzentos reais... Que eu
queria aproveitar o final do ano, mas desse jeito nem dá. O problema é que com
duzentos reais não dá pra comprar quase nada no supermercado. E aí?
Já estou cansada, Hans.
Novembro devia ser mais fácil.
C.G.
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