A vida é estranha, Hans.
Acredito que já te disse isso umas vezes. Mas é, sabe? Estranha demais. E a gente
é tão besta, Hans... Ainda me surpreendo com isso, sei lá... Eu só acho que
chega um ponto e você deveria aprender e deixar de ser besta, entende? Mas daí
vem a vida e te mostra a vida que você está levando e você vê o quão besta
vinha sendo. Complicado, viu? E doloroso de admitir.
Essa semana fui assolada
por uma dor terrível que não desejo para quase ninguém. E achei que eu ia
morrer. Sério e literalmente. E daí eu lembrei o quão forte eu já tinha
desejado isso na vida – não morrer, e sim a forma mais bonita de dizer isso:
voltar ao plano astral. E não é tudo a mesma coisa? É. Mas acho dramático
demais desejar morrer... HAHAHAHAHAHAHAHA Compre um manual para me entender.
Pois bem, enquanto sentia a
dor-terrível-oh-meu-Deus-eu-vou-morrer, eu percebi que, obviamente, eu não
queria morrer. É bonito falar de plano astral, acreditar nele, achar
que as coisas funcionam melhor por lá, e blá blá blá... Mas quando o bicho pega:
você não quer voltar pro plano astral, Carolina! E pela primeira vez na minha
vida eu tive medo de perdê-la. MEDO. Eu que dizia em alto e bom som que não
tinha medo de morrer... Tive medo de morrer, HAHAHAHAHAHA Viu? A vida é
estranha. Mas aprendi a primeira lição dada.
Lição aprendida, OK. Mas
claro que a vida ainda tinha que me dar mais uma liçãozinha... Só que pra essa,
ela teve uma ajudinha básica do inconsciente. Não bastava me ensinar que a vida
é boa e SIM, tenho medo de morrer, precisava pegar mais pesado ainda...
E então eu sonhei. E se eu
raciocino sobre o sonho eu vejo o quão terrível ele foi, sim, mas o pior é
lembrar do que eu senti: DEVASTAÇÃO. Eu nunca me senti tão... é, devastada é o
melhor adjetivo que posso usar para descrever. Um sonho sem começo nem fim, mas
vou resumir bem: todas as minhas amigas – já que só tinha amigas mesmo, no
sonho (e na vida) – tinham morrido. Acidentes bobos, e tinham ido uma por uma.
A Daila Cristina sobrou, ufa, mas ainda assim... Eu fui no cemitério ver as
tumbas... E não existia Limbo, não existiam amizades virtuais, nada disso no
meu sonho. Só existiam as amizades que passaram pela minha vida e todas estavam
mortas. Preciso dizer mais?
Sério, Hans.
Lição dois em
andamento de aprendizado.
Pra ontem.
C.G.