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a Remetente
Sabe o Grilo Falante, de Pinóquio? Talvez eu só esteja em busca da minha humanidade, e Hans seja a minha consciência gritando alto. É sempre mais fácil escrever para alguém e se você supor que a pessoa te conhece a tal ponto de compreender suas maiores loucuras e seus piores pensamentos... As palavras correm soltas. Você deveria tentar qualquer dia desses.


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Correspondências

terça-feira, 17 de julho de 2012

sobre expectativas aos treze;

Hans. Onde você imagina estar daqui dez anos? Pensei sobre isso uma noite dessas, antes de dormir. Não consegui – ainda – pensar sobre o futuro, acho que estou nessa fase de não criar expectativas, que até mesmo uma brincadeira sobre minha vida aos 33 – ótima idade, tantos 3! – parece... estranho demais.

Mas hoje de manhã pensei sobre como eu imaginava minha vida aos 13. Treze anos. Sétima série. Acho que eu ainda queria ser advogada/juíza/promotora. Se eu não me engano, no ano anterior havia participado da Olimpíada de Astrologia. Larguei isso aos 13, já estava percebendo que não era inteligente o bastante. Hm. Aos treze eu estava revidando, lembrei agora. Eu havia brigado – fisicamente! – com a Luana Carla, lembra? Levar um tapa na cara e dar um tapa na cara mudou totalmente o respeito da turma para comigo. Incrível. Estava cansada de sofrer bulling, blé. Cansada de sofrer... Mas daí começou a minha vez de fazer sofrer.

Falsos arrependimentos não valem nada e aos treze o ditado 'dente por dente, olho por olho' fazia todo o sentido para mim. Revidei. E continuei revidando durante todo o ano – no ano seguinte ela mudou de escola, de cidade e de vida. Será que foi por que eu a fiz sentir na pele como é estar numa sala de aula quando ninguém gosta/fala com você? Poxa, passei por isso desde a quinta e estava ali, firme e forte. Mas acho que nunca é bom provar do próprio veneno.

Hoje, aos vinte e três, admito que não me orgulho do que fiz – eu não lembro muito dessa época, pra falar bem a verdade. Normalmente só lembramos do que sofremos, certo? Por que essa parte eu lembro muito bem... Talvez ela lembre com mais detalhes. Ou talvez não. Nunca saberei. Well... pensando bem, acho que ela lembra... Alguns anos depois – quando já estávamos todas formadas, as meninas comentaram que falaram com ela, fizeram as pazes... Mas ela ainda me odiava. WHAT THE HELL?! Me fez passar o inferno por dois anos, quando revidei, me odeia por toda a vida? OK, then.

Bom, acho que sofrer bulling me tornou mais forte. Me tornou quem sou hoje, e – momento me acho – me tornou uma pessoa melhor. Estranho, não? Só acho que eu seria arrogante demais, cruel demais... E se assim ainda tenho que controlar minha arrogância e ter minhas lutas de arrogância versus humildade, imagina se eu não tivesse sido isolada totalmente aos 11? Que tipo de pessoa seria?

Mas OK, o assunto era aonde eu queria estar aos treze. Possivelmente longe daqui. Possivelmente formada. Rica. Continuo aqui, já comecei uma faculdade, já larguei. E olha, não tinha nada a ver com Direito. Pra falar bem a verdade: vou sempre passar super longe de Direito, acho que tem advogados demais no Brasil. Estou longe de ser financeiramente rica. Mas aprendi a enxergar outras riquezas – olha o momento clichê chegando.

Enfim, Hans. Estou aqui, e por incrível que pareça, estou exatamente aonde devia estar. O bulling aos treze me fez mais forte. Praticar bulling... aaah.. acho que se eu não tivesse feito, me consideraria fraca – naquela época, DARK CAROLINA, remember? - e - de certa forma - me envergonhar disso me torna mais humilde na vida.

Não sei, Hans. No final das contas, cada episódio da vida nos molda de uma forma...

E eu só sei que gosto da forma que fui moldada.
C.G.




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